O Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, campus da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) em Nova Xavantina (565 km de Cuiabá), por intermédio do projeto global de monitoramento de florestas (GEO-Trees), do qual participa, vem coletando dados em campo que serão utilizados na missão espacial Biomass, da Agência Espacial Europeia (ESA). O satélite foi lançado nesta terça-feira.
A agência espacial confirmou que o lançamento do satélite foi um sucesso. “Nos próximos dias, nossos controladores de missão irão implantar cuidadosamente o enorme refletor de 12 metros de largura da biomass”, destacou. A tecnologia busca mudar o entendimento das florestas e o carbono que elas armazenam. “Juntamente com os instrumentos de outras agências espaciais já em órbita ou a serem lançados em breve, nunca houve tantos “olhos no céu” focados nas florestas”, acrescentou a agência.
“A Unemat e o Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, farão parte desse momento histórico. É o nosso programa se lançando para o mundo e além”, explicou a professora e pesquisadora Beatriz Schwantes Marimon que é integrante do comitê gestor do GEO-Trees.
Conforme a agência europeia, o radar de abertura sintética em banda P do satélite consegue atravessar até mesmo as copas florestais mais densas para medir troncos, galhos e caules de árvores – onde a maior parte do carbono florestal é armazenada. “Essas medições atuam como um indicador do armazenamento de carbono, cuja avaliação é fundamental para uma melhor compreensão do ciclo de carbono da Terra”, explicou.
Ainda conforme a agência, em breve o satélite será acompanhado pela missão Nisar dos Estados Unidos e Índia, um instrumento de abertura sintética em banda L projetado para fornecer dados complementares. Juntamente com o sistema da agência espacial estadunidense, a NASA, já a bordo da Estação Espacial Internacional, a missão de radar de banda C Copernicus Sentinel-1 da ESA e outras missões.
O projeto é iniciativa de mudanças climáticas da agência e utiliza dados de longo prazo dessas diferentes fontes para fornecer uma imagem transparente e consistente do estado das florestas mundiais e avaliar a mudança anual da biomassa ao longo do tempo. “Essas informações são usadas para compreender tanto o ciclo do carbono quanto a dinâmica florestal e, quando combinadas com modelos climáticos, contribuem para uma melhor previsão das mudanças climáticas futuras”, acrescentou em nota a agência.
Apesar de sua sofisticação, os instrumentos espaciais não medem diretamente a biomassa ou a biodiversidade florestal. A validação em solo é essencial – especialmente em florestas tropicais, onde a enorme diversidade de espécies de plantas e ecossistemas desafia a classificação a partir do espaço. “Mesmo o satélite mais avançado não consegue diferenciar um mogno de uma castanheira-do-pará sem a ajuda do solo, e existem mais de dez mil espécies de árvores somente na Amazônia”, disse o professor Oliver Phillips, da Universidade de Leeds, do Reino Unido.
Segundo a agência, neste momento é necessária unir a rede de cientistas, botânicos e técnicos florestais – que, segundo ela, trabalham em condições desafiadoras, com poucos recursos e, muitas vezes, perigosas. Para apoiar este trabalho, pesquisadores das áreas de silvicultura, ecologia e sensoriamento remoto lançaram o Sistema de Referência de Biomassa Florestal (GEO-Trees), a iniciativa global que visa unir e promover parcerias científicas. O gerente da Missão Biomass da ESA, Klaus Scipal, explica: “O objetivo do GEO-Trees é estabelecer um mecanismo de financiamento sustentável para apoiar ecologistas e especialistas que trabalham na floresta na realização de medições árvore por árvore, necessárias para validar produtos de dados de satélite”.
“O GEO-Trees implementará protocolos rigorosos de validação em terra e impulsionará grandes investimentos nas pessoas por trás dos dados – particularmente no Sul Global, onde reside grande parte da biodiversidade mundial”, acrescentou.
FONTE/CRÉDITOS: Agencia da Noticia
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