Querência (MT) – O sonho da casa própria virou pesadelo para algumas famílias em Querência. Moradores denunciaram terem sido vítimas de um suposto esquema de estelionato envolvendo, documentos suspeitos de falsificação e promessas que jamais se concretizaram.
Segundo as investigações preliminares, compradores firmaram contratos e realizaram pagamentos expressivos por residências que sequer foram iniciadas. Em um dos casos, uma família desembolsou mais de R$ 40 mil, sendo cerca de 90% do valor oriundo de financiamento junto à Caixa Econômica Federal. Até hoje, o terreno permanece vazio, sem qualquer movimentação de obra, gerando revolta e frustração nas vítimas.
Apesar da inexistência de construção, documentos, relatórios e até imagens foram apresentados à Caixa como prova de avanço físico. O caso levantou suspeitas de fraude documental, agravadas por pelo menos um contrato em que o cliente sequer reconheceu a própria assinatura, reforçando indícios de falsificação.
Em nota, a agência da Caixa Econômica Federal de Água Boa esclareceu que toda liberação de recursos segue procedimentos rigorosos, incluindo vistoria presencial por engenheiro, que só autoriza o pagamento após constatar o andamento real das obras. Mesmo assim, os relatos das vítimas apontam falhas que podem ter permitido a liberação indevida de verbas por meio de laudos possivelmente falseados.
Outro ponto que chama atenção é o uso de fotos montadas e documentos falsificados, que incluíam imagens de placas de identificação de obra, detalhamento do projeto, dados do responsável técnico e número de registro profissional. Essas imagens foram apresentadas à Caixa Econômica Federal para simular o andamento das construções e justificar a liberação dos recursos. Contudo, a Prefeitura de Querência confirmou que não houve emissão de alvará para tais obras, embora existam protocolos administrativos em andamento. Essa manipulação visual reforça a suspeita de fraude e tentativa de enganar tanto as autoridades municipais quanto a instituição financeira.
A empresa investigada utilizava perfis ativos no Instagram e Facebook, onde publicava diversos anúncios e campanhas que atraíam as vítimas, alimentando a expectativa da concretização do sonho da casa própria por meio da construtora e incorporadora. Além disso, as investigações preliminares apontaram que o proprietário está envolvido em mais de um CNPJ, reforçando suspeitas de que o esquema possa ter causado prejuízos a outras famílias em diferentes cidades do estado de Mato Grosso.
Com a repercussão da primeira denúncia, outras vítimas procuraram a delegacia, narrando prejuízos e frustrações semelhantes. A Polícia Civil agora investiga a hipótese de um golpe coordenado que pode ter lesado diversas famílias da cidade, todas em busca de conquistar o imóvel próprio.
O foco da investigação também recai sobre uma incorporadora local, autorizada a atuar como correspondente bancário da Caixa. Embora a atividade seja legal, a suspeita é de que o vínculo tenha aberto brechas para a inclusão de documentos fraudulentos no processo de financiamento.
Especialistas em direito do consumidor alertam que golpes semelhantes vêm sendo registrados em diferentes regiões do país, envolvendo construtoras e intermediários que recebem pagamentos antecipados e deixam famílias sem imóvel e sem retorno financeiro. O caso revela fragilidades no monitoramento dos financiamentos habitacionais e intensifica a vulnerabilidade de consumidores de baixa e média renda.
Comentários: