Por Gram Slattery e Steve Holland
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu níveis mais baixos de migração global e pediu um afastamento das políticas de mudança climática nesta terça-feira, em um discurso combativo e abrangente na Assembleia Geral da ONU, que fez críticas contundentes aos líderes mundiais.
O discurso de 56 minutos foi uma repreensão ao órgão mundial e um retorno à forma para Trump, que rotineiramente criticou a ONU durante seu primeiro mandato como presidente. Os líderes o aplaudiram educadamente quando ele saiu da sala.
Ele rejeitou os movimentos dos aliados para endossar um Estado palestino em meio à última ofensiva de Israel em Gaza e pediu às nações europeias que adotassem o mesmo conjunto de medidas econômicas que ele está propondo contra a Rússia para forçar o fim da guerra na Ucrânia.
A maior parte de seu discurso foi dominada por duas de suas maiores queixas: imigração e mudança climática.
Trump ofereceu sua repressão à imigração nos EUA como um estudo de caso sobre o que outros líderes mundiais deveriam fazer para conter a migração em massa que, segundo ele, está alterando a estrutura das nações. Os defensores dos direitos humanos argumentam que os migrantes estão buscando uma vida melhor.
"Sou muito bom nessas coisas", disse Trump. "Seus países estão indo para o inferno."
Trump, que se reuniu na semana passada com o rei Charles do Reino Unido -- conhecido por sua consciência ambiental --, no Castelo de Windsor, chamou a mudança climática de "fraude" e pediu um retorno a uma maior dependência de combustíveis fósseis. A maioria dos cientistas afirma que a mudança climática causada por seres humanos é real.
"A imigração e suas ideias suicidas sobre energia serão a morte da Europa Ocidental", disse Trump.
CRÍTICAS AOS ALIADOS, POSSÍVEIS TARIFAS SOBRE A RÚSSIA
As potências europeias passaram meses tentando estabilizar seu relacionamento com o líder dos EUA, com foco em ganhar o apoio dos EUA para acabar com a guerra na Ucrânia. Em uma cúpula da Otan em junho, Trump e os líderes europeus se elogiaram mutuamente.
Mas no discurso desta terça-feira, Trump zombou dos aliados da Otan por não terem encerrado as compras de petróleo russo e disse que imporia fortes medidas econômicas contra Moscou se eles fizessem o mesmo.
"Eles estão financiando a guerra contra si mesmos. Quem diabos já ouviu falar disso? Caso a Rússia não esteja pronta para fazer um acordo para acabar com a guerra, os Estados Unidos estão totalmente preparados para impor uma rodada muito forte de tarifas poderosas", disse ele.
"Mas, para que essas tarifas sejam efetivas, as nações europeias -- todos vocês estão reunidos aqui neste momento -- teriam que se juntar a nós e adotar exatamente as mesmas medidas."
Ele não detalhou as medidas, mas está considerando um pacote que inclui sanções contra países que fazem negócios com a Rússia, como a Índia e a China. Os principais compradores de petróleo russo na Europa são Hungria, Eslováquia e Turquia.
Trump planejou uma reunião no final do dia com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que tem pressionado por mais apoio dos EUA para resistir aos avanços russos.
Em relação ao conflito israelense-palestino, Trump rejeitou os esforços dos líderes mundiais para adotar um Estado palestino, uma medida que enfrenta forte resistência de Israel.
"As recompensas seriam muito grandes para os terroristas do Hamas, por suas atrocidades", disse ele, repetindo seu apelo para o retorno dos reféns feitos pelo grupo militante palestino.
Trump disse que os Estados Unidos querem um acordo de cessar-fogo em troca de reféns, que prevê o retorno de todos os reféns restantes, vivos e mortos.
"Temos que parar a guerra em Gaza imediatamente. Temos que negociar a paz imediatamente", disse.
Ele deveria discutir o futuro de Gaza durante as conversas da tarde com vários líderes do Golfo.
Trump, que se apresentou como um pacificador em uma tentativa de ganhar o Prêmio Nobel da Paz, reclamou que a Organização das Nações Unidas não apoiou seus esforços para acabar com os conflitos em todo o mundo.
Ele fez uma reclamação pessoal sobre a infraestrutura da ONU, dizendo que ele e a primeira-dama Melania Trump ficaram presos em uma escada rolante da ONU que não estava funcionando e que seu teleprompter não estava funcionando inicialmente.
"Essas são as duas coisas que recebi das Nações Unidas -- uma escada rolante ruim e um teleprompter ruim", disse Trump, observando que Melania Trump quase caiu quando a escada rolante parou abruptamente.
(Reportagem adicional de Michelle Nichols e John Irish)
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