A empresária Roberta Luchsinger, alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (18), orientou o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, a descartar os próprios telefones celulares em abril deste ano. Segundo mensagens obtidas pela PF, a intenção seria eliminar possíveis provas que pudessem incriminar os dois.
“Antonio, some com esses telefones. Joga fora”, escreveu Roberta ao lobista em 29 de abril, após o início da Operação Sem Desconto, investigação que apura fraudes contra aposentados e pensionistas. Careca foi preso em 12 de setembro de 2025 e é apontado como figura central do esquema chamado de Farra do INSS, revelado pelo Metrópoles.
De acordo com publicação do Metrópoles, Roberta voltou a falar com o lobista em 5 de maio, tentando tranquilizá-lo e mencionando o empresário Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula (PT).
“Na época do Fábio, falaram de Friboi, de um monte de coisa, o (sic) maior… igual agora com você”, disse ela.
A PF apurou também que o lobista transferiu R$ 1,5 milhão para Roberta Luchsinger. Em uma dessas movimentações, Careca do INSS teria dito que o dinheiro era destinado ao “filho do rapaz”, possivelmente fazendo referência a Lulinha — que não é alvo da operação. Documentos da investigação citados pelo Metrópoles mostram ainda mensagens sobre o pagamento de outra parcela, de R$ 300 mil, para a empresa RL Consultoria e Intermediações Ltda.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu que Roberta seja impedida de sair do país, entregue o passaporte e não mantenha contato com outros investigados, mas se manifestou contra o uso de tornozeleira eletrônica.
Segundo a PF, Roberta integra o “núcleo político da organização criminosa” liderada por Careca do INSS. A corporação afirma que ela atuava na ocultação de patrimônio, movimentação de valores e administração de contas bancárias e empresas usadas para lavagem de dinheiro.
As investigações apontam ainda que Roberta teria sido beneficiada por notas fiscais pagas pelas empresas de Careca com base em um contrato de consultoria considerado inexistente.
Em setembro, o Metrópoles revelou que Roberta e o lobista fizeram lobby no Ministério da Saúde, representando a empresa DuoSystem, voltada para telessaúde. Registros obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que Careca esteve cinco vezes na pasta — três em 2024 e duas em 2025 — em nome de diferentes empresas, incluindo uma ligada ao setor de cannabis medicinal.
Ainda conforme o Metrópoles, Roberta demonstrou preocupação com a possível associação de seu nome ao lobista dentro do Ministério da Saúde e chegou a pedir que ele buscasse um posicionamento jurídico negando vínculo com a DuoSystem.
O Ministério da Saúde afirmou que não houve desdobramentos com a empresa após as reuniões. A DuoSystem declarou que não mantém contratos com a pasta.
FONTE/CRÉDITOS: Agencia da Noticia
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