O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, fez gracejos com o teletrompter e ameaças ao operador ao assumir o púlpito para discursar na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (23). A situação se deu pouco depois do discurso de abertura, em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mandou duro recado à extrema direita global e humilhou o presidente dos EUA.
Ele brincou, pouco antes de iniciar oficialmente seu discurso na ONU, que quem quer que estivesse operando o equipamento de leitura dos líderes, um teleprompter, estaria em "grandes problemas" por conta do não funcionamento do item. A fala arrancou risada, duas vezes, dos líderes globais e delegações presentes.
“Não me importo de fazer um discurso sem um teleprompter, porque o teleprompter não está funcionando. De qualquer forma me sinto muito feliz de estar aqui com vocês. Qualquer um que esteja operando esse teleprompter está em um grande problema”, brincou Trump antes de iniciar seu discurso.
A brincadeira se deu pouco depois de Lula discorrer sobre as recentes retaliações de Trump ao Brasil – que incluem o tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras e sanções contra membros do governo e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, Lula reforçou que a soberania do Brasil não está em negociação, se referindo a Trump como "candidato a autocrata" e, neste momento, foi aclamado com aplausos pela plateia.
"Diante dos olhos do mundo o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e aqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis", ressaltou Lula. "Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela", emendou o mandatário.
Acompanham lula os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Márcia Lopes (Mulheres), Jader Barbalho (Cidades), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública).
Ainda sem citar nomes, e respondendo aos discursos de Lula e do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que pedem pelo fim das guerras. “Civis estão sendo mortos e silenciados, mulheres e crianças enfrentam violências infaláveis. Não existe solução militar. Peço a todos aqui para que encerrem o apoio ao financiamento que corrobora com esse banho de sangue”, disse Guterres na ocasião.
“São palavras vazias e palavras vazias não salvam uma guerra”, respondeu Trump aos líderes, sem mencioná-los, pouco antes de abordar o genocídio na Faixa de Gaza e a guerra na Ucrânia.
Trump ressaltou diversas vezes o torpe discurso do governo dos EUA contra imigrantes, sobre a Faixa de Gaza, e a Ucrânia, além de negar o aquecimento global. Ele ainda destacou em inúmeras ocasiões em sua fala sobre o poderio militar dos EUA, como forma de tentar amedrontar os demais líderes. “A ONU não só não resolve os problemas que deveria com muita frequência, como também cria novos problemas para nós resolvermos. O melhor exemplo é a principal questão política do nosso tempo: a crise da migração descontrolada”, afirmou.
Sobre a Faixa de Gaza, ele pôs a culpa do genocídio nas costas do grupo reacionário Hamas, que atacou Israel em 7 de outubro 2023, onde 1,2 mil pessoas morreram e 201 foram feitas reféns, e usou o fato como justificativa para os mais de 65 mil mortos na Palestina. “Infelizmente o Hamas rejeitou continuamente o acordo pela paz”, justificou Trump.
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