O advogado assassinado Roberto Zampieri, peça central em investigações da Operação Sisamnes por suposta manipulação judicial em litígios milionários de Mato Grosso, volta ao centro de uma nova disputa fundiária, desta vez envolvendo o espólio de Itagiba Carvalho Diniz, em áreas rurais de Querência e Ribeirão Cascalheira, e que também está sendo alvo de investigação. Documentos obtidos pela FOLHAMAX mostram que Zampieri e o também advogado Rodrigo Borguetti Zampieri, foram formalmente contratados pelos herdeiros de Itagiba Diniz para conduzir ações sobre os limites da Fazenda Poconé, em uma região marcada pela valorização e sobreposição de matrículas.
O contrato, assinado em setembro de 2020, previa honorários expressivos: 1.300 hectares de terra, avaliados em R$ 18,850 milhões, além de R$ 500 mil em espécie. Havia ainda uma cláusula de bonificação: se a reintegração de posse garantisse área superior a 7,2 mil hectares, os Zampieri receberiam 37% da área total recuperada.
Pouco tempo após as decisões favoráveis ao espólio Diniz, a família vendeu metade da Fazenda Poconé, representada judicialmente por Zampieri. O caso reacendeu questionamentos sobre os bastidores de negociações e possíveis interferências em processos que hoje afetam dezenas de produtores rurais.
Advogados que representam parte das propriedades afirmam que as decisões extrapolam os limites da coisa julgada e atingem áreas produtivas ocupadas há mais de 30 anos, colocando em risco milhares de hectares e a estabilidade econômica da região. A reintegração de posse determinada pela Justiça resultou na intimação de ao menos nove produtores rurais de Querência a desocupar suas áreas em até 15 dias, sob pena de retirada por força policial.
As propriedades, ocupadas há mais de três décadas e com títulos registrados em cartório, somam cerca de nove mil hectares de lavouras de soja.
FONTE/CRÉDITOS: Olhar Alerta
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